Afinal, o que é um “meme”?

Depois de todas essas postagens, cá estamos nós de novo, com quase a mesma pergunta de 4 posts atrás.

Em uma das aulas de Comunicação e Tecnologia (COM 104) aqui na FACOM – UFBA, o professor André Lemos nos fez questionar se a frase “Isso é tão Black Mirror” (utilizada na postagem anterior), poderia ser considerada um meme, pois não consistia de uma imagem e um texto, era basicamente uma frase, uma referência. Em face ao que foi levantado pelo professor, a turma começou a falar que sim, a frase poderia ser considerada um meme, pois não necessariamente um meme precisava ser uma imagem.

Sendo assim, trazemos a reflexão: o que caracteriza um meme?

“(…) os memes de internet são todo tipo de idéias que se propagam rapidamente, geralmente manifestado por expressões; desenhos padronizados, em sua grande maioria de carinhas, e até mesmo vídeos que, dentro de algum contexto, abruptamente se tornaram populares na internet e ganharam valores simbólicos para representar alguma situação ou sentimento, de modo lúdico. Há diversos deles, cada um com seu valor e função.”

“Memes são compreendidos como palavras, imagens, fotos, bordões, desenhos, ideias, fragmentos de ideias, sons, gírias, comportamentos, falas, costumes, enfim, partindo da concepção original (…) é tudo aquilo que se multiplica a partir da cópia/imitação.”

No mesmo artigo, o autor irá defender que, devido à ciber cultura o meme passa de ser um fenômeno meramente online para se tornar “(…) expressão, linguagem, fenômeno de comunicação”.

Resumindo o que foi dito anteriormente, memes podem ser praticamente qualquer manifestação de linguagem (fala, foto, vídeo, etc) e comportamento, contanto que seja multiplicado por cópia/imitação. E é aqui que entra um dos mecanismos chave da Internet e que garantem essa característica básica de cópia dos memes: os algoritmos.

Explicando rapidamente, algoritmos são procedimentos codificados (quase como uma fórmula matemática) que, ao serem combinados com dados os transformam em resultados desejados.

Ao serem coletados esses dados, é realizado o trabalho de separar as pessoas em perfis, para facilitar a sugestão de conteúdo, resultados de pesquisas, armazenamento de mais dados, entre outros. E a partir de então – também com o uso dos algoritmos de relevância que cada empresa usa, que são guardados melhor que a fórmula da “Coca-Cola” -, são decididos os trending topics (tópicos mais relevantes/em alta) para cada perfil.

Dito isso, fica claro porque a maioria dos memes que fazem sucesso são aqueles que utilizam assuntos em “trending topics” e/ou que tem a possibilidade de serem readaptados a diferentes situações e/ou nichos. Pois assim eles têm a alta possibilidade de serem copiados e compartilhados ao redor do globo.

Em especial o último caso citado, pois se um meme fica preso em uma “bolha”, ele fica sendo repetido/copiado sim, mas perde sua força, porque acaba ficando na “mesmice” e as pessoas param de compartilhar, fazendo com que o ciclo de cópia se perca.

Um exemplo de meme que ficou viral esse ano por ter o potencial de ser copiado e adaptado para diferentes nichos foi o “meme do mimimi”

 

Outros exemplos:

“Ora ora, parece que temos um xeroque rolmes aqui”

Essa foi uma frase, que se tornou meme, que começou no Facebook em meados de 2016, quando alguns usuários passaram a comentar publicações que apresentavam conclusões ridiculamente redundantes sobre determinados assuntos.

Reforçando a teoria de utilização de memes como fenômeno da comunicação, por ser uma frase esse meme também pôde ser levado para fora das redes.  – pessoalmente, eu fiz muita piada com ele -, e ele ainda tem a mesma característica de ser readaptado à diferentes nichos ajudando-o a se tornar trending topic.

A Copa do Mundo desse anos nos deu diversos exemplos de memes em formatos de vídeos e GIFS, às custas de Neymar.

Certo, até aqui discutimos o que faz um meme virar um meme e sua relação com o mecanismo de funcionamento dos algoritmos de relevância social. Mas ainda ficamos com o questionamento: se meme é “(…)tudo aquilo que se multiplica a partir da cópia/imitação”, qual seria o real diferencial desse fenômeno? Seria a intenção de “trollar”/zoar situações e pessoas? Afinal, nos primórdios dos memes tivemos o “troll face”. Seria fazer piada, por meio de diversas mídias, de situações que muitos podem se identificar? Afinal nessa situação temos um motivo forte para o meme ser copiado, adaptado e compartilhado.

Meme Explosão da Mente

E para você, o que caracteriza um meme?

 

 

 

Referências:

Gilesppie, T. A relevância dos algortimos, Revista Paragrafo, v. 6, n. 1 (2018)

Jurno, A.C; DalBen. S. Questões e apontamentos para o estudo de algoritmos., Revista Paragrafo, v. 6, n. 1 (2018)

Meme “Ora ora parece que temos um Xeroque Rolmes aqui”

Primeira citação

Segunda citação

O meme da Nazaré e a cultura de convergência

Meme Nazaré

Certamente você já deve ter se deparado com o meme da Nazaré em algum lugar da internet nos últimos anos. Ele é derivado de uma cena de Senhora do Destino, uma novela da Globo que foi exibida pela primeira vez em 2004, tendo sido a de maior audiência nos anos 2000. No momento em questão, a personagem da Nazaré Tedesco está dentro da sua cela na prisão e observa o local e as pessoas ao seu redor, relembrando de um diálogo com outra personagem. O close em seu rosto confuso foi resgatado no Twitter em 2016, onde se tornou um gif que foi apropriado por diversas pessoas para a criação de memes, amplamente divulgados e compartilhados nas redes sociais, alcançando seu auge em setembro/outubro de 2016.

 

Continue lendo “O meme da Nazaré e a cultura de convergência”

Virtualização e o meme do namorado distraído \_(‘-‘)_/

O ano era 2015. O fotógrafo espanhol Antonio Guillem, que capturava fotos de pessoas para abastecer sites de venda de imagens, resolveu diversificar seu portfólio.Convidou um trio de modelos para ir com ele à cidade de Girona, na Catalunha, Espanha. A ideia era fazer imagens que retratassem um caso de infidelidade. Após concluir seu trabalho com os três modelos, Guillem colocou a foto à venda na internet que, depois de dois anos, foi usada pela primeira vez como meme, em janeiro de 2017, num grupo turco no Facebook sobre rock progresssivo.

primeiro namorado
Primeiro meme feito com a foto do Antonio Guillem

A partir daí, esta imagem serviu como base para milhares de outros memes por todo o mundo e servirá de base agora para entendermos melhor o conceito de virtual apresentado pelo pensador francês Pierre Lévy.

Primeiro precisamos deixar claro que o virtual, nessa discussão, não é aquilo que não existe no “mundo real”, como costuma se pensar. Aqui o virtual não se opõe ao real e sim ao atual, pois ele (o virtual) existe em potência e não em ato. “Uma árvore está virtualmente presente na semente”, assim como um meme está virtualmente presente na fotografia do Guillem.

Outra diferenciação que deve ser feita é entre o virtual e o possível. O possível aqui se apresenta como algo que já está construído, estático, apesar de não estar posto. “O possível é exatamente como o real, só que lhe falta existência”. A constituição do possível não requer inovação de uma ideia ou forma. Já o virtual está ligado a um processo de atualização constante, que se faz necessária por conta das coerções existentes. Onde essas coerções existem? Diria (veja que aqui é João Paulo Sebadelhe dizendo) que tanto no próprio ser, quanto naquilo que o cerca. Então, parafraseando o Lévy, podemos dizer que a fotografia conhece o meme e “a partir das coerções que lhe são próprias, deverá inventá-lo, co-produzi-lo com as circunstâncias que encontrar.

Ou seja, é possível que esta imagem se transforme em um meme, mas a virtualização se dá tanto com as possibilidades que ela oferece de “reorganizar uma problemática anterior” estando aberta à diferentes interpretações, quanto  às problemáticas que a cercam e direcionam a uma determinada forma. Penso eu que o virtual está ligado ao processo que envolveu a constituição do seguinte meme:namoradoA virtualização está ligada a problemáticas como o fato d’eu estar produzindo um texto sobre memes; ser aluno do professor André Lemos; ter a habilidade necessária para inserir texto em imagem; ter acesso à internet, entre diversas outras que exigem uma constante atualização na criação de um novo meme do namorado distraído.

 

Referências:

LÉVY, Pierre. O que é o virtual? (Cap.1), 1996

Onde surgiu o meme do namorado distraído? 

 

 

O começo

 

O termo “meme” tem origem na palavra grega mimema que significa “algo imitado”, “imitação”, e foi utilizado pela primeira vez por Richard Dawkins, em 1976, em seu livro “O Gene Egoísta”. Até então, o termo “meme” era utilizado para denominar uma unidade de informação que poderia ser passada entre pessoas ou entre unidades de armazenamento de informações, como livros e, atualmente, a Internet (afinal, uma vez que está na Internet está lá para sempre). De forma mais simples, a ideia que Dawkins quis desenvolver é de que, de forma análoga, o meme está para a memória como o gene está para o nosso DNA, é sua unidade mínima.

Atualmente, com a passagem da vida para o digital, algo que revolucionou a forma como vivemos – como afirma Michel Serres, em seu livro “A Polegarzinha”, onde defende que “(…) um novo ser humano nasceu, no curto espaço de tempo que nos separa dos anos 1970.” -, a palavra “meme” incorporou um novo significado.

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